segunda-feira, 26 de abril de 2010



















Em menos de um segundo,
Dividimos nossas vontades
Submersas no álcool do vento
As luzes do quarto apagaram-se
Com seus mitos e fardos
E nossas almas se esfregando de desejo...
Existe uma mensagem na tua pele
Que impede meus versos de empedrar...
É quando descubro o aroma das horas de tuas mãos
É quando nosso amor troca músicas e olhares suados
E essa tua boca/minha a ser a causadora de arrepios novos
Sensação legítima de mais outra madrugada febril
Lamento tua falta em meu vazio altamente escavado
Viro peregrina de tuas fotos/rastros/restos
E do que me sobra, jorra a imagem serpentina da solidão
Apago novamente a luz
Dormindo em um arcaico romantismo
Sigo bêbada e prepotente poetisa.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

















Resto-me ao chão de outras vidas
Gigante esfinge em pálida ressurreição
Em sua forma, tudo é sombra
Projeto o movimento ígneo desta casa
E o ouro debochado a nadar por cima dos móveis.











Embevecidas folhas
Pedaços tortos de natureza
Ventilando por entre as curvas esféricas
Preces necessárias do esquecimento

Placenta aos navegantes
Lamento no interior dos sonhos
Gradual noção
Malas no diálogo do silencio

Tentativas de trancar o peito
A coluna do lugarejo
Finda em frustração
Areia fofa do meu caos

O segredo do mundo em porções doentes
Insetos coagidos embaixo de pontes
Vou-me na hora que avisa
O amor pede moradia

Insetos carnavalescos
Saem voando de meu pescoço
E esta constante despedida
Na textura de teu caminho

As traças dormem
Procurando a origem do devaneio
É cedo...
Enquanto vida.











A leveza sobrevive da paz do outro lado da rua
Do outro lado, nossos opostos traduzindo templos
Estas amarras de branco sopram um cordão de vida
Quanto a mim, me casaria com teu mundo frio
Celebraria todas as esperas em solstícios impressos em minhas costas
Aceito as mãos gigantes de toda hipocrisia.












Lá dentro, sorrisos abertos
Quero ver de fora em teus muros doentes
Dentro: Um barro inútil
Fora: Tuas mãos dançam
Deixe essa canção inflamada
Vou sentir de perto teu peso
Até os crimes precisam de movimento
Pelas frestas, os olhos tem fome de voar.










Evolução simbiótica
Fingimento transportado entre os dedos
Espetáculo sucumbindo a poesia
Loucura real
Farsa para platéia
Poros fantásticos sem identidade
Telepaticamente fluem as batidas de outra vida.













Deslizes entre a ponte e o passado
Pernas curtas sustentam a subida dos sonhos
Emaranhados adormecidos em vários corpos
Atados como lamparinas do medo
Adestrados como correntes inversas
Suspensos em meus pêlos sujos e imorais

Atmosferas não lapidadas
Instalando a dimensão maior
Somos todos máquinas, presos em um desregramento interno
Tudo escuro já que somos ligados em fios dissimulados
Terra infértil de latas e bronze
Meus bicos desaparecem, azedo húmus que dita a subida.













Imerso em um vermelho trancado
Conectando troncos e membros
Sugando a fome do outro
Visitando qualquer sentido enquanto todos são figurados

O lodo de teu corpo rejeita este espaço violado
A natureza vigiada em cores desinventadas
Tuas plantas acordam em mim alucinógenas
Mostrando-me o teu vermelho querida

Reparto em gramas a ausência da lei que te condena
Tuas flores infestadas de submundos
Chás de sensações ambíguas
Vazio visível para dopar artifícios

Bebo desta tontura entranhada
Cuspo possibilidades lisérgicas
Teu jardim embriagado
Meu suor trôpego.














Mordo o pão não fermentado de tua missa
A hóstia é um pênis macio
Jorra em uma ejaculação fétida
Meu orgasmo morreu de uma virgindade desnutrida
Dentro do cálice, duas mulheres confiscadas por padres
Imagens sagradas de frades...
Tediosas cortinas para o pecado
O sangue em terços e escombros
Minha religião goza
Meu sangue melado em tua vulva
Minhas plantações mancham de sêmen
A língua saliva no botão da tua batina
Minha pernas latejando de desejo
Teu modo de ver é turvo
Em tua pele flácida mora um Deus intransigente.