quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Desengano.eu, cidade de aço
gélido te chamei de puta
a intenção e o texto a te pedir desculpas
um ponta pé na cerveja
tua feição zangada
bravos palavrões mentolados

Outra vez Maria

Prometi nunca mais me casar. Legítimos os personagens, cínicas aspas.Estático e sem honrarias. De véu e grinalda,aliança em punho. Promessas e artérias no varal vizinho, dedos calejados nos beliscões doídos da vida sem platéia.Organizei dez leis, minhas roupas e voluntariosas cicatrizes das tantas mágoas.Mão única,alívio para os pés. Meus olhos tão de perto vesguinhos no teu corpo, teu corpo envergando nos olhos, mau olhado, amuletos então Maria,quinquilharias, aço e teu adorno de pescoço serão meus braços Maria.
Acabou a folia, guarda então teus anjos de costas Maria! Que é pra agilizar o enxame de abelhas no pão que o diabo amassou, que é pra cessar fogo, permitir o digno recuo, confundir a descida das tuas rebeldes lágrimas,deixar todo esse ciúme de quarentena por falta de provas. Ódio,curto pavio, deixa tudo quieto, sensação desmemoriada. Meus cabelos alongam norte-sul em teus olhinhos vesguinhos Maria. Inventamos a vírgula atenta o pedaço solto em ascensão.
Exaustas tentativas, quis o destino estar contigo Maria.


um açoite
um assombro
a baia
a pia
a distancia entre 
os pratos sujos
e a vadia

a ponte
o sopro
a selva
e a padaria
de tanta calma
o mar inunda o quarto
 sal na língua
e uma pia cheia de mágoas
entre o copo e o cristo
há muito cuspe para pouca Maria

sábado, 17 de dezembro de 2011

Do que o velho diz


nas esquinas
a explicação...

no Rio às duas 
a marreta
os pregos
e a resolução
um café, um cigarro
parte da escória sorrindo feliz
você sabe bem
o que o velho diz
era pra ser honesto
ter filhos fortes
braços a mais para trabalhar
e ele me dizia
que era bom os tempos de lavoura
batata doce à mesa
putas escondidas em sobrados antigos
e eu a me perguntar
quem foi meu avô
fumante,formoso cristão
macumbeiro
muambeiro
e tão novo
havia uma fazenda de laranjas aqui
me dizia...
eu só via um pântano
na rua vinte e dois
as pessoas
tão cegas
tão pobres
e tão sadias
a felicidade era cúmplice
de um velho
e eu queria ser como ele um dia foi...
a rua do Ouvidor era um bar a luz de rezas
ele me dizia...
e eu rezava pra ver as putas
penas delicadas nos cabelos
cigarreiras enormes e luxuosas
e eu a fumar todo passado 
querendo ser homem negro
e mais pobre
atravessar à rua do Ouvidor e beber
com as mesmas putas dos tempos dele
 e no fim das contas 

você sabe bem o que o velho diz...



suma
saia do avesso
porque meus ponteiros
quebraram todos os relógios de bolso
da tua íris azeda
corra 
não desejo mais as pernas
nem as meias
nos fios da tua seda
feche os braços
nem o cristo do Rio
faz tua escolta
sem abraços nem afagos
vá de óculos escuros
o verde dos teus olhos
me enoja
apetece os corvos a retina
de tua mentira
suma
caia numa poça
morda a língua
e quebre o braço
queime com cigarro
as poesias
e recite
o tédio
dos teus dias
suma
nas chagas
dum leproso
na raiz fétida

da sua humanidade.

fica mais um pouco
...
meu corpo tomba
quando percebe
que o seu some
todos os versos
agora têm a cor
do teu nome
te rimo propostas
te deito
e fico de costas
te ouço 
te chupo
mordo tuas pernas
te faço um altar
fico de luto

todas as pernas
do meu mundo
correndo em sua direção.


o lençol é o chão que piso
as almofadas acalmando os cotovelos
as pernas destrancam
e a fome...
você é pão e azeite
teu veneno em meus caprichos
e a sede
tua gota é a ânsia.
da raiva peregrina ambulante nas feridas
do pó, da cegueira, dos soberbos engravatados
deposita mais um pouco da tua arrogância em minhas ruínas
e veja se a platéia estufa o peito na curva
satisfaça minhas correntes e aponte dedos em minha direção
apareça em todos os lugares e tenha oito minutos heroicos
vá depressa enquanto abaixo-me no tiroteio
tenho todo cuidado com o suor que escorre
e diminui meu tamanho
abrindo o seu mundo que agora boceja
não os culpo por toda calda espessa
tenho um buraco no asfalto
e a parte da vida que respira.

sábado, 10 de dezembro de 2011

sobre o fim

findo tuas tranças
arranjos de guerras completas
estanco os abraços
dedos calejados amputando amores agudos

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

sobre bundas, bucetas e cérebros deteriorados



na arquivologia dos cus
lixos ambulantes 
em suas calcinhas vencidas
da náusea ao náufrago
olhinhos masculinos dilatados 
urubus da suburbana razão de espalhar gozo
analfabetismo comportamental
sucumbindo as teias da feminilidade
volúpia propagando porras baratas
e raciocínios estéreis
dói-me o bom senso
neste receituário para vagabundas
o óbvio em burrice crônica
tantas bundas, tantos paus...
há mais verdades entre o céu e a terra 
do que uma puta no quarto procurando a roupa
o bicho do tempo dentro espelho
sorri baixinho com os poros fartos
da superficialidade.


divido a mesa com raposas esguias
todas famintas, saltitantes e negras
e minha dignidade estática
enrugando nos becos delgados da peste
e este muro forte 
a construir outros túmulos insólitos

minhas ditaduras
uma arma calibre trinta e oito
nós dois arredios na mesmo gaiola
um caos gestual em que
não há espaço pra curas ou vocabulários
a tua e a minha frieza derrubando
indícios da sanidade.


te tenho repúdio em casas inabitáveis
te rogo pragas
destruo suas gavetas
contorço tuas pernas
molho tuas malas
estrago teus melhores sapatos
rabisco as melhores poesias que fez
te acordo descontroladamente
invoco teus medos 
e te vejo chorar
todas marcas revoltas
toda febre que por você agora queima
...
te espero outra vez com os pés calejados de erros.



sobre o asco repentino




minha repulsa lateja em trovões rotineiros
hoje quero ser feito de ferrugem
acalmar-me diante do precipício
explodir cada osso diante do divino
e adiante, costurar os pedaços que faltam no vidro
o silencio delinquente devora
minhas putas sorrindo e agonizando
exaustão herege sob demônios disfarçados.