quinta-feira, 26 de abril de 2012





A espera
invisível
atravessando a boca
com gosto amargo
o medo
inclinando-se sempre mais perto
o tecido preto
cobrindo-me todos os mundos
 a fragilidade querendo gritar de dentro
somos todas
pequenas verdades doídas
tramando fugas no desespero de nossas casas
a felicidade pulsando nas memórias sofridas
e a história repetindo o folclore
é preciso estancar a maldade de nossos homens
a arrogância de nossos filhos machos
criados a leite e submissão de nossa condição-mulher
e extinguir a angústia de vê-los repetir o ciclo
brutal e desumano de gerações
seguimos marcadas
com a vergonha de nosso povo
e o desejo não mais aprisionado
de recuperar nossa identidade humana.