domingo, 3 de fevereiro de 2013


Antonio: Meu legado. Meu grito violando o vazio das montanhas.
Maria: No ponto do naufrágio.
Elisa: Dança a margem /Absurdo pagão.
Lúcia: Outubro adormecido/ meu mago.
Laura: Menino devaneio.

(Cinco abutres em minha órbita)

Cecília: Enredo de cura. Poesia noutra língua. Aonde possa estar o caminho. Flor confiscada no ventre da música.
...
Emissário da desordem,
Mansidão na idade da fábula
Pra você, um instante dentro de toda vida.

Meu juízo perdido na tua nuca,
Moro na dinastia dos teus cachinhos,
Na mordida que cruza rua por rua.

Teu cheiro dentro do verbo
Transatlântico de nova era.


Estou esperando pra ver o verso. Cair no mundo. Ficar só. Tropeçar nas pernas da vida. Avançar de cara limpa. Chupar o tutano das feridas. Deixa minha agonia fazer bloco no poema. Deixa o poema fazer coro na calçada que é pra libertar a loucura no canteiro de obras. Tirem as placas das gramas – pedestres já podem sujar meu território sem identidade.

- Deixa minha bebedeira Maria! Desova teu perdão em outro cômodo. Eu não quero a paz da tua voz, nem a calmaria do teu vulto atrás da cama.

- Deixa meu poema em paz Antonio! Ancora tua distancia em outro estado. Que eu não quero teu amor no Rio de Janeiro, nem tuas promessas me vigiando.

Dá-me um pouco da tua hóstia Deus. Que este domingo tem pesado mais do que me cabe no vão de um haikai.
...
(Maria mãe dos homens melada em meu desatino)





Já é domingo Maria. É dia de pendurar no varal a poesia. Minha puta ritmando nos versos estacionários de um blues. Minhas crônicas estão para o samba e você rompe o dia nas partituras da MPB.
Trabalhadores descansam da fumaça das fábricas, você a traga em filtros de mágoa. Diacho Sofia! Você não deveria fumar! Tuas veias são por demais fraquinhas, teu coração é soprado, tenho medo de te ver infartar.

- Sossega teu pavor Lúcia. O que mata é separação.

Emudeço. Não sei domar teu amargo. Pingo teu líquido em meu café.