sábado, 22 de junho de 2013

Antes de partir, separo o tom exato, o vestido mais florido e a medida certa de poema- Poesia demais tonteia a gente, e quando deixamos faltar os versos, não conseguimos voltar de onde viemos. Talvez, seja mesmo hoje o marco zero, o início da nova estrofe. Poemeto: que é pra recomeçar pequenininho e inaugurar a vida de encanto e vontade. Escuta bem: Estou segurando a tua mão( veja bem se não solta a minha) e estou colocando a flor numa caixinha de música que é pra saudade não sufocar os pulmões do esquecimento perpétuo. Estou voltando pra pegar o verbo que deixei nas tuas mãos e recolocar na minha poesia, separei dois pincéis: um teu e outro meu(Veja bem se as cores vão valer o esforço: eu pinto o branco de amarelo e você, com o mesmo tom de azul).Você cresceu tanto, que nem sei o que fizeram dos muros.Vá devagar- as palavras estão todas emboladas nessa confusão da vida, e eu já nem sei formar delas uma frase sequer, mas agora estou com as mãos nas tuas (veja bem se não solta minhas mãos que tremem tanto na tua presença). Na medida certa do poema: Estou voltando pra pegar nosso verbo.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Lupa do avesso
envergando o projétil,
impulso carregado de um calibre maduro,
cartucho de saliva no silencio 
metal gelado (língua no disparo)
segredo na capsula 
tambor repleto do desejo
onde balas gozadas atiram-se em nossas roupas
(rasgam,perfuram)
os botões aflitos jogam-se no chão
tua blusa, meu vestido; caídos, convulsos 
as coxas entrelaçadas no tiroteio
Calibre trinta e oito...
Meus vinte e cinco poemas na tua mira
Calmaria...
Sangue coagulando no lençol.
A paz merecida depois de toda guerra. 


quarta-feira, 5 de junho de 2013

Explodem nas vias nucleares
eclodem moléculas, trajeto no tempo/espaço
estampido de pólvora, rajada de versos na velocidade do som
ruído térmico nas duas luas da tarde

Eu tombo, marco zero em seu núcleo atômico,
este poema mais gravitacional do que nunca
a inspiração dentro da máquina aceleradora de partículas

Multiversos 
Massas em expansão
Nebulosas em sua forma inicial

O corpo amuado em sua condição de pequenino
um Deus cósmico estende o punho,
atravessa a atmosfera do poeta,
engole a arte com irradiação

 A poesia embrutece na poeira dos anos
misturando-se em uma nuvem molecular
nucleossíntese de palavras (papel e caneta nas mãos e não nos corromperemos)
migração de planetas e motivos para escrever

Construção do sistema solar
construam o verbo na gigante vermelha
hidrogênio e hélio  na hélice de um ventilador
soprem o poema na fusão

Corpos celestes(satélites de medo).