domingo, 22 de setembro de 2013

Desandamos a chorar. Setembro tem dessas coisas que a vida não sabe aproveitar, como naquela tarde em que a calçada abriu pros nossos pés juntinhos passarem e arrastarem com a poeira saltando das solas todos os verbos que o chão ia declamando nas notas da canção. Não esqueça de anotar- a gente vai passando embolado nas lembranças, um pouco perdidos, um tanto desajeitados e fragmentados, mas a poesia emerge de um estado caótico e milagreiro, os versos sabem invadir os silêncios mais oblíquos e nossos encantos vão transbordando em nossas invenções travessas. Espantamos e descaramos o medo- entidade exibida, setas e o êxito esvaindo-me em versos agudos. Cerejeiras procriando em meu endereço, o ontem deitado em um caixão de ternura, signos sem culpas, estendendo os olhos nas reticencias da arte. Minha imaginação dona do mundo me olha de dentro com esperança, inscreve meu nome no ponto de partida. Bons presságios- vibrações nos esboços, nos mapas que a cabeça dança, nas asas contorcionistas que a inspiração escreve. 


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Coloca o poema pra deitar,
deita junto do poema...
Carrega o poema nos braços,
cai nos braços do poema...
Enxerga o beijo mentolado do poema,
dança o poema e canta o som que ele faz...
Desfaz o poema e se  reconstrói,novo...
Coberto das cobertas de encanto da esperança dele.

Escuta o beijo que o poema faz...

Nossos versos teimam em interromper a realidade,
nossos corpos insistem em querer tanto
e as bocas só sabem falar depois do beijo,
e a vida recomeça no instante em que nos beijamos outra vez...
Descontinuamos de onde paramos e tornarmos a entornar os corpos
e a entortar os passos,
e estes teus traços que o batom contorna nos lábios do poema que eu volto a beijar

...
Toquei um poema baixinho,
teu ouvido me sorriu melodia de vida...

Vi um poema no cisco do teu olho,
deixa eu soprar.

domingo, 1 de setembro de 2013

Primaverando

Acho que vi um pedacinho da asa de borboleta estampada na tua camisa, naquele momento em que teus braços esticaram nos meus ombros e expandiram em coloridos que grudaram até o caminho da minha nuca. Depois, vi duas borboletas saindo de dentro da taça de vinho, o líquido tingia nossas bocas de poesia e sotaques de primavera.