Brincamos no pedaço centenário de vida, teus tumores abrindo
flores e a mão do vento emaranhada em minha culpa...
Teus restos chovendo no meu quintal, tua velhice orgulhosa dos
pés de frutas e serviços de carpintaria, minhas mãos penteiam teus grisalhos
fios de meu respeito e amor. A vida minguando tua saúde, tua ferrugem nos
brinquedos do parquinho, e tua areia soprando nossa rua aos soluços - Cupins
camuflados de morte, mascarados de fragilidade e final rondam a casa, mas entre
os muros e os medos você sobrevive, tua natureza sábia é dona de uma espada
transparente para que a poesia flutue em nossa esperança. Deus ecoa nos teus
anos de vida, nas gavetas de filhos e netos dos teus versos de um dia.
A vida prossegue na cria dos teus ossos encantados, nas
dobraduras da tua herança, existimos:
amor.
Ao meu avô: Queiroz.
Ao meu avô: Queiroz.