sábado, 7 de novembro de 2009
Poesia de um Lobato alucinado
Procurei uma droguinha
Nem fósforos ou palha no quarto
E tudo tão molhado que nem fumo acenderia meu barato
O vento embriagado da janela trazia o cheiro de pólvora
A brisa quente explodia doce no olfato
As narinas alucinadas e eufóricas
Tomaram as formas de oito carreiras de um pó domesticado
Mãos tateavam o vento em êxtase carnal
Tomei todo o fôlego e o carrossel fez seu percurso
Um coral enfurecido nos tímpanos
Revolução sintética entorpecendo o abajur
Cores cintilavam um azul trancado de vermelho
Oito vozes fluíam um medo faminto de pastores do trigo
Paredes empretecidas conversavam com meu gato
Espanto asmático ouvir o felino responder
Tremiam oito móveis e a cabeça flutuava na TV desligada
Oito segundos para se ter oito anos enquanto assistia a saga de Lobato
No varal, vovó Benta pendurava meus discos de vinil
Na vitrola velha tocavam as roupas puídas
Pedi a Emília que me acendesse um incenso de canela
Canela me faz querer dormir um sono quieto
Cochilei por oito dias com Visconde de Sabugosa fumando meu baseado.