segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
A boca
Fizemos esboço do retrato de antigamente
Havia uma ânsia de saber do tempo
Rasgamos a castidade em sedas perfumadas
Cortinadas nestas peles delinquentes
Em tão pouca claridade ainda vi tuas unhas vermelhas
E me prendia em gargalhadas sem destino
Hoje, tão leve em lençóis afoitos
Ali me casaria nua em teus olhos negros
Me casaria com tua boca repousando em cada assunto da minha
Retornaria aos mapas doces da palma da mão direita
E escreveria tudo sobre o cheiro dos teus cabelos floridos
Então, tua música ao norte percorreria todos os meus caminhos
Em dobras de beijos amigos-irmãos
A entrega de tempo que nunca foi meu
A boca amiga guardada em uma caixa
A boca espera
E a boca sangra.