Proponho:
Assinar o poema com
as mãos calmas. Avançar nos meses. Sacudir os ponteiros, “descalendarizar”
nossos aniversários. Caducar as horas até amanhecer nublado.
Prometo:
Curar os mitos cotidianos. Ausentar o ódio das memórias.
Esvaziar tua mágoa com a paz que orbita em meu sono.
...
Parábola:
Nossas borboletas batendo asas na engrenagem de horrores que
articulamos. Casei-me e pago minhas dívidas. Tua pontaria atropelava meu livre arbítrio
e a casa transformou-se em uma ilha.
Cotidiano:
Bebemos café. Você acendeu outro cigarro e eu pedi um
jornal. Nosso país tão pequeno e não me chegam mais notícias. Preciso saber
sobre a política e o que fizeram da poesia desde a última guerra. Você abate
duas formigas passantes em sua mesa./ Você, avulsa ao fundo do copo./ Você, no
ponto da pistola...
Domingo:
Efêmero. Tua agulha em minhas pernas. Nossos farrapos numa
terra estranha. O corredor sinalizando teu crânio de bobagens amargas. Varanda cercada
por soldados vigilantes.
(Teu medo me pesa tanto...)
Sem Deus, incubo meus assombros infanto-pueris. Nove meses/
ao meio dia/ para este corte.