E você chega, estonteante, coberta das suas miudezas que deixam o verbo mais delicado. O cheirinho adocicado impregnando de calor a sala, de voz mansa, acarinhando minhas células ciliadas. Quando te tenho nos braços, memorizo os próximos poemas que virão. -Não posso perder nenhum detalhe. Cada beijo, um verso anotado, tuas mãos nas minhas e já fiz um haicai,tuas coxas entrelaçadas nas horas que saltam de tanta pressa, e já tenho pronta uma estrofe inteira. Vou dedilhando pequenas possibilidades a cada informação que tua boca fala. (Tua boca não me disse, mas já sei soprar tua nuca só pra te ver reagir de encanto em um punho e vontade no outro).
Minhas mãos perambulando atentamente em cada pedaço de enigma que emana do teu corpo e assim faço a primeira crônica, mais um pouco, beijando teu colo, encostando meus segredos nos teus, quase vejo um soneto caindo dos teus cachinhos, talvez, uma prosa brotando no meio das costas que tuas unhas cravam. Veja bem Cecília, o líquido agora é um poemeto, sem rimas ou métricas, porque amar assim, não nos permite tempo, exige mesmo é reza baixinha, pra correr tudo bem,pra desafogar de mágoa quem está lá fora, e sobrar apenas o que a gente puder declamar no emaranhado das nossas roupas e lençóis. Quando terminamos,já tenho prosa,crônica e poesia, de tanto olhar você, tenho mantimentos suficientes para gerar versos por dias e dias a fio.
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( E você chega... Cecília).