Regresso aos veleiros ancorados nos espaços de nossas falas.
Em dezembro, proclamamos nossos versos na soltura dos vestidos, no sanfoneiro
barulhinho dos dentes a se expandirem e abrilhantarem nos pratos lustrados dum
sorriso. Um copo de café, a falta que o cigarro faz, a tarde aquecida da fumaça
imaginária do verão na contramão. O nevoeiro por cima do abismo que os próprios
passos provocam. (Olhar esperançoso de hortelã).
Veja bem Cecília, o poema está embaralhado nas páginas do
livro que teus dedos passam e na fumaça que salta da minha boca “atabacando” o
quarto com tua fúria compenetrada em meus vícios rareados. Labaredas nas tuas
marés, minha droga nas tuas veias, um rio de orgasmos a coagular nos teus
seios, e o suor a pingar no conta-gotas dos teus olhos juvenis.
No cotidiano do poeta, nascem flores e capim fresco. O
quintal está repleto de chuva e o abacateiro tem gerado grandes acerolas doces
que pescamos com nossos beijos de jujuba e amendoim. A casa da frente é verde, e
nosso jardim lilás, feito os vaga-lumes que nos aparecem somente durante o dia.
Entenda que estes são os nossos
pertences que carregaremos em nossa tenda toda vez que amanhecermos juntas.