Na rua Silva Cardoso, lastro de malabares reluzentes na
chuva. Silvia é dona dos bondes, dos botecos e das calçadas portuguesas do subúrbio
carioca. Os seios céticos simbolizam a sintonia entre os astros e os mastros
dos marinheiros em suas ondas pélvicas. A boca pinga de trovões os pontos de
ônibus, as máquinas das fábricas e os restaurantes lotados de sábado. Silvia me
enche os pulmões de um bairro com apenas três ruas, as vias de Silvia são de
asfalto e saliva lubrificando o trânsito e sua voz rouca. Em meus dedos, a
digital inflamada dos segredos de Silvia. Já não há embaraços nos traços de uma
tarde em novembro.