sexta-feira, 3 de abril de 2009

Mago terno




















Meu mago terno,
Braços e punhos
Criatura de manias grisalhas
Diz-me somos razão incerta
Diz-me que sou foliã imprudente
Intervalos de flor: acusa-me
Bagunço teu cotidiano
Invado tua semente
Banalizo pedestal
Faço pouco das pérolas

Rompo rasgo flor:
Me fazes tão insana quanto,
Cessa meu frescor,
Julga-me menina dos olhos teus
Planta-me nas tuas entranhas escondidas
Nasce, gera, equilíbrio do avesso
Amigo, amante
Canta no sussurro de minha idade
O desafino agreste de nossos encontros

Se te afago, terna e doce
Durmo em teu queixo sóbrio
Se te aqueço, queimo e marco
Desperto teus olhos antigos
São anos demais pra nós
Se te amo, amigo pintado
Desprendo de nós este laço
Posto que é prenda em laço-flor
Já não nos somos nossos...

Tato de nossas rugas
Abrigo de outras casas
Ainda assim amor antigo-feto
Me faço crua,
Dou-me arte pra teu estandarte
Ódio a prosear-te rimas
Sou negação do verbo
Amar-te o amor que espreitas
É negar-me vento ser.


Natacia Araújo.