quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Moradia


Cada dobra do meu corpo tem cheiro de mar
Porque meus ossos estão pintados de vermelho
Ascendo teus olhos
Provocando meus dedos, comendo minha mão com sal
Ajoelho-me diante do altar dos diabos
Dentro da minha boca ele dança

Poderia ser qualquer outro corpo, mas é da tua boca que quero lubrificar teu sono
Uma língua e minha santidade humilhada
Nada mais pedi... que não fosse uma língua
Suplício discreto onde meu corpo pede paz e pede guerra

A cada sussurro o delírio o gozo:
O desejo descontrolado de pintar imagens
Desenho em tua cabeça uma mulher nua arreganhada em seus jardins
Teu fluído canta por todos os meus pêlos
Vasculho com a língua o fluído do outro, e vasculho saídas
A língua queria desenhar ali, completa, escorrendo pelos cantos o gosto
A língua consentiu com o gozo

Devagar, bem devagar entre...
Adentre a única cavidade do grande devaneio
Lubrifico em meus dedos as entidades mais explícitas
Dança em tudo que preciso
Movimentos trêmulos, suados
Após o gozo a sensação perdura
Os músculos tornam-se vazios como as ondas
Teus olhos transam com minha íris
No útero do céu, o brilho escorre pelas coxas
Tua rua é um rio de orgasmos.