sábado, 26 de setembro de 2009
Caos Poesia
Quero a poesia pelas pernas sugando todo o bom senso
Desmaiando sobre os versos o caos de cada estrofe
Quero o descontrole das rimas
Quando os membros agonizam palavras encardidas
Quero as regras trocadas
E as mãos ávidas por pincéis e pontes
Quero os braços sóbrios e os dedos implodindo ódio e ócio
Acalmando peles, pêlos e poros
Quero as letras mais absurdas abraçando pedras e serpentes
Engolindo caminhos de pernas sem vida
Quero o suor frio de frases curtas, sem nexo
Desenrolando-se dentro deste ventre livre
Quero a prece imoral da cratera-poesia
Ajoelhando veias, órgãos e raízes adestradas
Quero meus poemas indigentes soterrados em rabiscos febris
Esperando tinta, lentes e corpos
Quero abolição literária psicografada em uma pia antiga
Rejeitando a saliva para descobrir o sabor
Quero cravar poesias sem lei com sopros e poucas cores
As curvas das palavras atravessam este verso com a língua.