domingo, 17 de março de 2013



Capturamos relógios nas pernas da semana que se inicia. Somos abismos que não sabem a condição da queda. Enquanto escrevo vagas letras, você vagarosamente dilui nossas entrelinhas numa pastilha de Redoxon.
O tempo fecha,
tua retina como flecha
paralisa o domingo,
meu fôlego transborda pra dentro,
em cima do muro passa a lagarta,
mil patas do imaginário sem nenhuma folha verde
queria ver mais do desconhecido em meu quintal...
Abacateiro amuado de tristeza,
canteiro de verduras já pré-cozidas,
eu preciso saber das coisas vivas..
Cheiro bom... Qual a marca do teu pesticida?
Qual nome do teu escudo anti/pragas?
Beba pelo menos dois litros diários de formicida, coma uma vez por dia porções generosas de gusanos,
sangre pelas pernas e ouvidos,
leia sobre aborígenes,viaje para dentro de um baço,
tenha uma arma calibre trinta e oito,
calibre teu copo com pinga e,
 pinga teu olho com doses cavalares de mentiras...
Minta sobre Deus,
endeuse um pedaço torto de natureza,
naturaliza a coisa toda,
totalize a quantidade da porra,
porre no começo dum verbo, 
verbalize o coito interrompido,
interrompa um poeta,
poetize uma lagarta,
“lagartize” uma poesia,
poeme um abacateiro amuado,
amue um poema,
no canteiro de verduras
“Verdurize”um aborígene,
viaje para dentro de um gusano,
Beba o escudo anti-pragas e,
ouça pelo sangue das pernas a condição do dia:
Mulher.