Minhas retinas procurando um pedaço de nós. Minha mão
escavando antigos poemas, telas bordadas, frestas de um amor antigo. O mar caindo
nas tuas montanhas. Eu caindo junto. Nunca doeu tanto saber da tua felicidade.
Nunca foi tão duro saber falar doses de verdade sem propriedade poética alguma.
Falar a verdade sem fazer poesia. Não soube me recuperar com o passar dos anos.
Nunca saberei te arrancar do meu território. A minha e a tua poesia são dois
continentes distantes. Teu peito velado por meus sertões empobrecidos de amar
errado. E está errado, tudo está errado... Nossos lugares ocupados de mágoa e
nós dois envelhecemos tanto... Reviro minhas letras do avesso e o amor
permanece atemporal. Amargando, solidificando, me engolindo até não restar
sentido de poesia sem você. Você não compreende o que nos trouxe até aqui e eu
já não sei organizar as frações que tornaram o que hoje somos. “Ainda amo,
devagar e silenciosamente.”