domingo, 23 de agosto de 2009
Recaída
Só um lugar o define
Estreito, confuso, batizado em seu próprio desastre
Caído, vejo o quanto ainda somos interligados
Habitável, mas nunca habitado
Não é digno esvaziar espaços
Não se condiciona uma vitima reciclável
O sangue dos teus pulsos não esconde minha angustia
Nessa tua fuga branca há uma tristeza que não concordo
Estamos dentro da mesma caixa e teu canto sempre me soa absurdo
Do teu lado, confronto tacos soltos e cortinas velhas
Varanda vazia e salas sem paz
A tua fome é teu ócio e busca das razões pra ser infeliz
Odeio tuas mãozinhas magras que sujam os copos sem beber a água
Dá medo essa tua religião
A cada noite se apaga em toda vela
Desumanizado e desistente
Teu delírio tem sempre a mesma entonação
Condenado a dormir de novo
E a exausta sou eu
Estranho temperar a cura pra tua febre
Pensei em não te ver mais acordar nesta manhã
E se você se apaga, os olhos miram pó
Te esperei dormir ninando cada respiração
Nesta noite, fui platéia de teu pulsar
Canto um inferno parecido
Amanhã, espero acordar com tua voz
A única condição é ser maior que os desvios
Gostaria de abraçar teus conflitos
Poupe a partida
Deixa essa felicidade ensaiada que nunca é
Esqueça as idéias e seja mais humano
Contesto tua conspiração pra dentro
A realidade te pede paz
E durante anos, sem saber sigo teu peito
Perseguindo a fio tuas palavras não ditas
Deito, sumo, te espero acordar
Não procuro tuas faltas meu querido, somente a raiz de tua inundação.