Eu vi um sol enorme
Queimar seu nome
No asfalto do centro
Os pneus choravam a sua ilusão
E eram levemente acariciados pelo vento
A sua voz some
Ao entardecer
Eu vejo a sua imagem crescer
Nos poros da cidade
...
Eu vi
um encontro ungido
resfriar teus versos jorrados.
E nas calçadas emudecidas,
dos teus olhos estancados de chuva,
dopar uma saudade amplificada
por tuas mãos desalinhadas...
(teu verso em terra azul gritava
as letras presas na calçada...)
...
Eu caí
num vão
Entre o seu calor em pessoa
Espaço onde a minha frieza voa
Atrás dos seus passos
Perfurando o chão
Seu perfume impregnado nos canteiros
As flores que nascem nos bueiros
Um bar com o seu nome
Você se move na minha corrente sanguínea
Não existe linha reta pro teu caminho
Seu perfume no trajeto incerto
(Seu suor tem sabor de vinho)
...
Traduzo teus contornos com raro brilho
Inundação da tua saliva em meu verso de língua
Descubro então, o calor nas ladeiras de um beijo
Onde tuas partículas enroscam-se em meu satélite.
Teu dragão suspenso em meu desconhecido
Faz mistério nos mergulhos.
Vou-me de barco nas tuas veias apertadas
Orientando-me nos mapas dos teus ossos tomados de corte
A placa do bar grita nua,
Quer projetar asas nas tuas costas.
Nossos restos misturados como pequeninos órfãos,
Movimentam os verbos telepaticamente.