Todos os dias, falamos e respiramos poesia... Até que, nossos versos grudem nas rodas e nos bancos do ônibus, até que, todos os outros passageiros sejam apenas letras enfeitando um pedaço esquecido de nossos verbos tão alegres. Fico então quieta, imersa no encantamento por suas histórias libertárias do alto de sua meia idade. Tua literatura tem escrito minhas manhãs com doçura. Automóveis viram palco, pontos cegos lendo descaradamente nossos duetos, tua casa nosso cenário...O som metálico da carcaça que nos viaja é tão ensurdecedor quanto nossas vontades.
Nossas mãos esquivam o começo, e nossos olhinhos antes tão deprimidos brilham no castanho da janela; As paisagens das ruas saem correndo com as árvores para ver mais do nosso verso.
A poesia fotografando a miudeza de nossos corpos recolhidos em inspiração. As linhas fazem a ponte, trôpegos, sacudimos as roupas de melodia.
(Ainda escreveremos um livro juntos,nos prometemos então...)
Descemos do ônibus sem bagagens, com o fio de poesia transparente a nos unir. Amanhã, nova parada, nosso delicado espetáculo programado para conduzir nossos rascunhos dentro de nuvens.