quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Eufórico, invento a altura da vértebra, o vestígio miúdo de tolice, os movimentos desintegrando nas pedras e o feriado dos pernoitados. No último segundo, me veio fúria das plumas, de súbito, a leveza de um grito atravessou a rua. Outro movimento inacabado. Os gestos crescem em conflitos rasos.

Exposição


Teus pedaços
Num quadro,
Numa parede,
Numa fotografia,
Numa poesia,
Na escultura,
No meio de tanta sede de olhares
E eu te bebendo gota a gota em segredo.
Procurei teu cheiro no índice
No título, no meio do parágrafo,
no prefácio e no desfecho.
Saí cheirando tudo
intrometendo meu olfato em outros pescoços,
em carreiras de pó,
em golas de camisas velhas,
nos frascos pela metade e nos completamente vazios.
Cheirei café, cheirei hortelã
Teu cheiro não me achava
...
Eu é que estava dentro do livro,
eu que preenchia as folhas que seus dedos tocavam,
eu era o pedaço omitido do teu romance preferido,
eu estava lá. E você a virar minha última página.
No vazio,
Os barcos escapam das marés
As rotas discordam dos pontos de partida
O medo sopra a vela
Enquanto os marinheiros ancoram suas desculpas.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Sangria


Rebelião descansa agora sob os dedos.
O passado trazendo o mundo para dentro
e os pés gelados atestando a falta de rumos.
O que fica é o sexo-casulo.
As estrias histéricas vestindo-se de medo,
um resmungo vingativo e gelado.
O beijo sem língua, o joio, o trigo e a cama
A dor antiga saltando no vocabulário,
meus dedos cravados nas paredes recém pintadas
O frio das nuvens enfurecidas fazendo cerimônia.
 A neblina, a ressaca empurrando os peixes mortos das calçadas.
Tua faca desorientada botava de volta a língua no beijo
Tentava molhar o sexo de ternura
bebendo minha chuva com saudade.
No fim do mundo, cuspi no teu corpo com esperança,
tua garganta aberta via meu silencio estúpido.
A tua e a minha íris arregaladas de perdão.