terça-feira, 17 de maio de 2011

Meu paraíso liquido começa
seguindo as íntimas vestes que as pálpebras produzem
e da água ao naufrágio de ontem
meus peixes amadurecerão na mesa

e as paredes recém pintadas indagarão o mundo
nas cavidades ocultas das cortinas...
meus cadernos fervilharão numa lista
onde não lerão apenas poemas
terei o desejo sucumbido da infância
de declamar os mantimentos da dispensa

em minha casa de estruturas brandas
a felicidade reaparece em meio a desordem
de uma cozinha
e do fogão aprendo o alfabeto ritual de nossa ceia
em fogueiras nômades do paladar aquático da boca

pouco importando de qual lama antiga emergimos
se ficamos em uma casa ou numa tenda
se nossos ossos amparados criam a cicatriz da montanha vertebrada
de nosso sossego.