segunda-feira, 3 de setembro de 2012


Caneta invisível no início do texto
trabalho sabotado por miséria
agonia nos nervos
vírus criativo e intranquilo
um bicho no maior espaço das vistas
emaranhado de migalhas sem identidade
batalha dos dedos ocos
inspiração empedrada
relógio debochando dos rascunhos
o café editado pela boca
o poema trepa e goza na cabeça de outro autor
enquanto meus versos implodem e dormem nas calçadas funerárias.

Bandeiras nas mãos firmes da infância,
outra pequena colhendo das lágrimas do Índico.
Máquinas futurísticas capturando os sonhos mais bizarros.
Tua eletricidade reproduzindo sistematicamente slogans pendurados nas árvores.
Imperfeições milagreiras saltando dos verbos irreais.

A chuva caindo precoce
temporariamente se descara antes do adeus.
Os dedos mastigados de rabiscos encardidos
Entendem a razão do vício e da cólera...

Transmiti um compasso ao morder tua língua,
 sonoridade resfriando mágoas.
Da tua saliva fiz a lágrima que agora pinga no Atlântico.
A água foi inundando a rua
formando muros de ondas.
A febre acrobática fazia nado livre,
doença que não te absorve além dos seus próprios devaneios...

 Meus livros sendo arrastados pela correnteza que tanta água formou na sala.
A iluminação fraca azedando meu corpo,
apodrecendo a arrogância de nossos umbigos.
Um bote saía do corredor até onde nossos pés alcançavam,
com cuspe, desconstruímos nossas posses.
Cansados, transbordamos onde a razão estagnou.
 Calmos, umedecemos os gritos de ternura.