sábado, 26 de fevereiro de 2011



















Vestiu-se às duas e meia
No ponteiro apontava a arma acima do ámario
Vestiu-se dum calibre trinta e oito
Mirou-se no espelho
Atingiu em cheio a decência
Matou o amante ao se despir
Perdeu os dedos enquanto masturbava-se
Amputou sua dignidade perdida em desgraças de vinho
Acabaram-se as balas...
Foram-se os dedos
Perdeu o amante
Tingiu a boca descarnada dum fluxo sanguineo
Conduziu-se ao marido que a esperava angustiado
Deu-lhe um beijo sem saber da última bala no gatilho
Perfurou-lhe o maxilar, atingiu-lhe a cabeça e não haviam mais balas para matar-se...
Morreu a míngua em meses posteriores sem dedos ou boca para alimentar-se.
...
Morreu duma fome introspectiva voraz...