terça-feira, 1 de maio de 2012


Você vai preparando o tom exato, a roupa, o batom, a música certa para abrir o closet, dançando os dedos no estojo de maquiagem, rebolando até o vestido entrar, e eu vou endoidecendo nas passagens de Edith Piaf que você dignificou  ao som de “Non je ne regrette rien” e eu quieta com os olhos assumo com a saliva gelada a dúvida: se você ainda volta, porque me dá medo tanta delicadeza assim andando na rua de vestido novo e verbo alegre. Você sorri orgulhosa frente ao espelho e marca com batom a cor da boca que volta de noite pra me beijar de dentro.
(Meu alívio afoito correndo de felicidade pelo quarto.)