segunda-feira, 7 de janeiro de 2013


Somos animais sobrevivendo no ritmo perdido das fotografias. Tenho medo de olhar teus olhos e ver teus quinze anos Sofia. Tua cegueira e este ciúme destruíram tudo na casa. Tuas pernas dissimuladas blasfemaram nosso tempo e por isso desejei tanto o abismo. Esbarramo-nos em silencio nos cômodos, por quinze vezes renegamos o perdão. Pouco a pouco, a paixão esvaziou sua substancia, deixamos pedaços na sala e nos fragmentos da pupila. Denunciamos nossos nervos em revoluções individuais. Na casa, avançam os muros do império exausto. Proporções gigantescas do nosso combate. Entornamos nossos peixes com a mágoa desta guerra. Dos telhados, ouvem nossos gritos... Abrimos as gavetas de partida.