Terno. Terno. Meu.
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Eu corro para escrever. Escrevo tanto sobre o que habita, sobre o que ainda poderá vir. Eu tenho medo, você me toma como menina. Nunca escrevi tanto, se fossem os anos antigos, não saberia dizer do refluxo que viria. Entopem todas as passagens. E eu quero. Agora? Tarde talvez? Não sabemos, temos todos os sorrisos, você está em todas as palavras. Sou outra vez foliã. Me prendo no que você diz sentir...E começo a sentir também. Tenho vinte anos de novo. Tenho todas as perguntas, você contorna de música.
Terno. Terno. Meu.
Terno. Terno. Meu.
Minhas favoritas, amarelas e com cheiro de versos guardados na última gaveta com tanto carinho. Fico. Tua presença ainda me causa o mesmo emaranhado de anos passados. Você aprendeu a escrever e minha poesia só sabe do encantamento que tua fala evoca. Estou tão dispersa, nem sei denominar este novo tempo. Do que sei, gosto mais de filosofia do que nunca... Mais de dias da semana e de café com Neruda.
terça-feira, 28 de maio de 2013
Volto a ser menina.Estudante aplicada em tuas frações.Passo a gostar mais de terças. Gosto cada dia mais das sete horas, do cheiro de perfume amadeirado e de Sartre. Gosto mais de Paulinho da Viola e Luiz Melodia. Gosto mais da chuva e da temperatura do outono carioca. Esqueço a poesia, danço com crônica.
Tua mão em minha folha. Escrevo em você.Último olhar.
(Nossas mentiras fingindo acreditar)
Outro verso. Outro lugar.
Velhos demais e o novo explodindo
no canto da boca (o canto dessa tua)
Vício.Vício.[Cio]
Tuas sondas em minha expressão corporal
(Qual o nome dessa doença?)
Na tela o aviso: Mais e mais de você expandindo
Sodoma e Gomorra virtual.
Último dia. Burlo os ponteiros,
você arranca o relógio do pulso.
Cor(rompemos).
(Nossas mentiras fingindo acreditar)
Outro verso. Outro lugar.
Velhos demais e o novo explodindo
no canto da boca (o canto dessa tua)
Vício.Vício.[Cio]
Tuas sondas em minha expressão corporal
(Qual o nome dessa doença?)
Na tela o aviso: Mais e mais de você expandindo
Sodoma e Gomorra virtual.
Último dia. Burlo os ponteiros,
você arranca o relógio do pulso.
Cor(rompemos).
domingo, 26 de maio de 2013
Dueto com: Paulo Alonso
Brisa
Um tom maduro
Na candura, avisa
Que a idade quis a
Altura da queda
Do muro
...
Sopro
Cores em sépia
Tuas folhas caindo
De março a junho
Jacarandá desfalecendo no grito,
Absurdo botânico no meio do quintal
...
Vendaval
qual carrega as folhas
ex-verdes da estação passada.
Deixadas pelos galhos,
mas agora colhem frutos
mais astutos
após o carnaval
...
Serpentinas deitadas sob o amarelo das folhas.
Dos seios das árvores de tua estação,
Escorrem atmosferas elétricas.
Temperatura mística, polens nos túmulos,
Outono grávido de raízes e flores secas.
...
Era festa
Que morre em vida
São as cores mais decaídas
Em direção às cinzas (do frio) do inverno
Esta gravidez de plenas colheitas
fecunda pela fértil brisa
Tornam este Outono,
Materno.
O problema nunca foi a culpa, nem as desculpas. A fonte de
toda inanição sempre foi o exílio. A
fome do outro no outro. Os copos cheios enquanto a saudade esvazia o peito.
Esse pequeno cercado que compõe os limites que me impuseram. O problema nunca foi
teu afago, tua aproximação. Já não existem territórios ou passeatas, apenas um
tremor que começa na ponta dos dedos do pé esquerdo e percorre até os
cabelinhos soltos da nuca. Tua ausência foi por minha escolha, e tua presença
tem-se feito em desorientado memorial do que ficou por vir. Insisto. O problema
foi quando comecei um poema torto que se curva diante dos seus grandes olhos de
menina. Foi quando prendi tuas mãos nas minhas e não soube decodificar os sons
de aviso. (- Muito cuidado... Poesia não se embrulha em papel riscado).
Daí, um dia, me vem solta na pedra a resolução hermética do sistema:
Tirar das compotas porções generosas de nós e entregar nos braços de um frade, um
padre, um carteiro que abençoe nossas vontades enclausuradas dentro de uma
fábrica de tecidos. Separo dois metros de seda, envolvo nos teus seios e
cintura. Guardo um pouco para que teus dedos sintam a paz de meu afeto.
(Um dia, ela me pediu que lhe prometesse algo. Tua dúvida e
meu silencio. Guardo todas as promessas numa caixa rasa, camuflada de poemas e
algodão fresco).
Aquieta tua imaturidade Cecília, amor não acaba nas frestas
de um dia, ainda que o dia amanheça nos lençóis de algum outro. Teu amor me
prende sem nenhum fio, sem que exista pavor. Teu amor me veio no súbito de um
delito, mas permanece intacto nos vãos de cada dia.
“Amor de reza baixinha... Que é pra correr tudo bem... “
Memória fraca e ainda assim, todos os motivos para ficar,
decorados com devoção e paciência. Sossega esse medo que salta por trás do teu
ombro, não haverá desistência. Amor maduro perdura nas dobras do alvoroço que
do lado de cá, passo.
“Construí uma estufa azul no meio do quintal.”
Sobre Cecília no pedaço azul da vista:
Te amo encarnada de prosa poética sem você nunca ter
aprendido a escrever um só verso. Ainda amo, vestida do castanho que cintila no
teu olho e do mesmo tom que embrulha de graça teus cachinhos. A tua força nas
ruas, engajamento libertário da tua juventude que lateja dentro da flor. Amo
tua melodia que inaugura meus ouvidos de encantamento a todo o momento. Amo o que emana dos teus conflitos, tua
doçura na fragilidade de um arsenal de guerra. Teus paradoxos de pequenina
esbarrando e curando meus paradigmas envelhecidos. Amo teus trejeitos tímidos em
meus pedaços já tão embrutecidos pelo desgaste. Teu amor remoça minha crença em
poesias mais vibrantes.
“Cecília: enredo de cura.”
Por fim, apenas o nosso começo no final da folha.
Da tua barba o cheiro de uma saudade camuflada em minhas
pequenas argumentações. O cheiro antigo de um mago terno. Escrevo um “C” nas minhas
coxas, você o vem buscar.
É teu, de tuas mãos, ordem e posse. (Pega.)
Desabotoado de calendários, os botões estiram-se no chão, os
botões partem-se feito fruta de temporada, alongam-se em nossas costas
arranhadas de sal. Teu líquido marítimo deságua em meus pequenos beijos, e a
saliva temperando de veneno as línguas desavisadas.
Minhas gavetas desmembrando o que enterramos nas folhas
enquanto os corpos confundem-se nas ondas do Guandu.
Meu mago terno me pede um poema, escrevo em minha nuca todas
as linhas.
...
(O poema está em tuas mãos.Pega.)
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Carta para Maria/Sofia
Nunca imaginei que casamento fosse tão devastador, como
aquele pó mágico que cai da aliança, feito neve, por cima de toda cama,
congelando membros e todo resquício de ternura. Um dia, todos os sonhos do
mundo, noutro, transformação. Não havendo vítimas ou vilões, apenas a sensação
adormecida do que tuas mãos me causaram. Mãos que alimentaram dias grandiosos e
hoje perpetuam o caos. Nossas prisões vencidas perdem o frescor de revolução. (E eu te peço, me deixe ir.)
Tantas vezes te fiz Maria, e te quis inserida em meu futuro
com a fé inabalável de que seríamos o sempre e “incondicionais”.
Minha vida inteira desordenada no controle de teu ciúme e a
fé diluída nos frascos da tua estupidez.
Vestido para mim, véu para você,alianças, nossa casinha, nosso sim mútuo e a entrega...
Aquele dia em que às seis e meia da manhã te recebi ainda meio
sonolenta, com a notícia de que você vinha pra ficar. Minha vontade tombada no desejo
de que fosse realmente assim... Meu mundo alcançando teu enigma de paixão. Noutro,
os primeiros planos concretizados em nosso singelo cotidiano. Você de bermuda e
candura circulando por todos os cômodos, eu, protegendo teus temores com
poesia.
Nossa casinha: tijolo por tijolo, fruto de melodia. Tantas
indagações e o amor fragmentando em nosso espaço. Tua frieza, meu afastamento, e
meu desvio:(Assumo ter alimentado antes de tudo teu pavor enfurecido) o fim de todas as coisas em nós.
Não legitimo tua, ou minha culpa, erramos juntas. Pago
diariamente meus pecados com tua fúria. Já não conheço teus olhos. Tenho medo
que me peça pra ficar. Tenho medo do que você se tornou...(Por isso, me deixe ir.)
Amar nunca foi com um cordão umbilical ou posses, amar é inaugurar
o outro de afeto todos os dias. Amar é o frio na barriga que um dia você também
já sentiu ao ver que o outro se aproxima, aquelas borboletas todas voando nos
devaneios da tua cabeça noite adentro, só de imaginar o outro tão bonito
dormindo.Amar é perder a conta das vezes que já se viu ao lado da outra pessoa, e de quantas vezes a poesia ou canção pareceu tão mais convincente diante daquela emoção tão particular. Dá vontade de assinar a autoria de todas as músicas de Buarque, roubar descaradamente suas composições e dedicá-las ao que sente. Ceder à xícara de café, ceder à vez, ceder à razão. E quanto tempo
tem desde a última vez? Cortesia, carinho sem propósito de sexo, a delicadeza e
o romantismo que fizeram eu me apaixonar? Perdidos nas frestas do teu ego e mágoa! (Preciso ir.)
Empatia: Tuas cordas no meu pescoço Sofia. Você esqueceu a
grande lacuna entre apoiar e me sufocar. Amar é aquela coisa chamada: deixar ir...
Lembra?
Amar é aquilo que fazíamos deitadas no chão do quarto, com
guarda-chuva em punho porque o teto tinha goteira, ou quando perdi meu avô e
sua coragem me resgatou de tanta tristeza, daquela vez em que confiamos os
segredos de nossas vidas tão doídas uma a outra e desabamos de chorar por
alívio, ver na outra a certeza de companheirismo e amizade permanente. E, você
sempre será a pessoa que conhece meus sentidos mais a fundo, minha grande
companheira, minha melhor amiga.(Você sabe que tenho que ir.)
Então, abrimos mão do beijo, sexo no sexo, mas, o que é isso
diante do amor que sempre teremos? Pele com pele é coisa tão pequenina se
comparado com nossas emoções imersas em afeto. Meu amor é rochedo. “Nunca deixo
de amar quem um dia começo a amar” – Lembra? (Não deixarei de amar nunca, juro.)
Daí, depois de tanto amor, tanta paixão, tanta vontade... Veio
a distância, o medo, a mágoa, a frieza e rancor. Olhar dentro do olho de alguém
que você jura conhecer tão bem e enxergar só vazio.
Respiro fundo, deixo pra trás todo abismo que formamos na
sala, deixo pra trás todos os poemas dedicados um dia a você... Nem Maria ou
Sofia, apenas mulher.
Nosso amor outra vez no ponto de partida, inauguramos a
palavra fraternidade. Zeramos nossos demônios e nos orgulhamos de nossas doces
vitórias.
(Me deixe ir.)
Amo você.
(sueda).
sexta-feira, 17 de maio de 2013
Dueto com: Almi Junior
Eu vi um sol enorme
Queimar seu nome
No asfalto do centro
Os pneus choravam a sua ilusão
E eram levemente acariciados pelo vento
A sua voz some
Ao entardecer
Eu vejo a sua imagem crescer
Nos poros da cidade
...
Eu vi
um encontro ungido
resfriar teus versos jorrados.
E nas calçadas emudecidas,
dos teus olhos estancados de chuva,
dopar uma saudade amplificada
por tuas mãos desalinhadas...
(teu verso em terra azul gritava
as letras presas na calçada...)
...
Eu caí
num vão
Entre o seu calor em pessoa
Espaço onde a minha frieza voa
Atrás dos seus passos
Perfurando o chão
Seu perfume impregnado nos canteiros
As flores que nascem nos bueiros
Um bar com o seu nome
Você se move na minha corrente sanguínea
Não existe linha reta pro teu caminho
Seu perfume no trajeto incerto
(Seu suor tem sabor de vinho)
...
Traduzo teus contornos com raro brilho
Inundação da tua saliva em meu verso de língua
Descubro então, o calor nas ladeiras de um beijo
Onde tuas partículas enroscam-se em meu satélite.
Teu dragão suspenso em meu desconhecido
Faz mistério nos mergulhos.
Vou-me de barco nas tuas veias apertadas
Orientando-me nos mapas dos teus ossos tomados de corte
A placa do bar grita nua,
Quer projetar asas nas tuas costas.
Nossos restos misturados como pequeninos órfãos,
Movimentam os verbos telepaticamente.
Dueto com: Débora Andrade
Deixei a porta aberta para sentir o outono.
Enquanto assistia pela fresta o pôr do sol, em tons de carmim.
Me preparei para uma beleza serena.
Mas, em vão, meu peito se armou. Era tempestade. Era imensidão.
Teu silêncio devastou minha solidão.
...
Meu silêncio entranha-se na tua porta assinada de sonhos.
Ainda vejo daqui, tuas culpas vencidas em um deus de outono,
Atravesso a dança por baixo da saudade nas tuas saias.
Teu peito armado no emaranhado de laços.
Os pássaros desabando no centro do furacão.
Tua poesia libertando minhas ondas.
...
De palavra em palavra, eu te versei.
Desfiz minhas alianças e abracei o teu mundo.
Me inclui nas tuas terras distantes.
Rimei teus sentimentos e te fiz canção.
Sonda por aqui, sonho de final em vão.
...
De verso em verso, fiz da tua poesia hóstia.
Refiz meu pouso em teu caminho e beijei tua rua.
Te recebi com cartazes e melodia.
Declamei tua saudade e te fiz pintura.
Amanhecem por aqui, borboletas de recomeço terno.
...
Nas mãos. Na alma. Nos olhos. Teus versos, minhas prosas e um, coração no chão...
Nos braços. No peito. Na boca.
Tua canção,tua poesia e dois, minha felicidade triunfante em nosso sonho.
Itinerário do poeta
Todos os dias, falamos e respiramos poesia... Até que, nossos versos grudem nas rodas e nos bancos do ônibus, até que, todos os outros passageiros sejam apenas letras enfeitando um pedaço esquecido de nossos verbos tão alegres. Fico então quieta, imersa no encantamento por suas histórias libertárias do alto de sua meia idade. Tua literatura tem escrito minhas manhãs com doçura. Automóveis viram palco, pontos cegos lendo descaradamente nossos duetos, tua casa nosso cenário...O som metálico da carcaça que nos viaja é tão ensurdecedor quanto nossas vontades.
Nossas mãos esquivam o começo, e nossos olhinhos antes tão deprimidos brilham no castanho da janela; As paisagens das ruas saem correndo com as árvores para ver mais do nosso verso.
A poesia fotografando a miudeza de nossos corpos recolhidos em inspiração. As linhas fazem a ponte, trôpegos, sacudimos as roupas de melodia.
(Ainda escreveremos um livro juntos,nos prometemos então...)
Descemos do ônibus sem bagagens, com o fio de poesia transparente a nos unir. Amanhã, nova parada, nosso delicado espetáculo programado para conduzir nossos rascunhos dentro de nuvens.
terça-feira, 14 de maio de 2013
Travesseiro de palavras, teu timbre encaixando em minha
vontade mais atenta. Amor esguio, tua falta pesando em meus dedos, teus dedos
soprando meu calor. Tua flor brilhando no escuro, casulo de imagens desfocadas.
Reinvento Cecília no avesso de um delírio, febre aguda, lençóis e enredos.
Aparição sem guerrilhas. Quieta, suavemente brotando na
garganta, amuleto no juízo de um anjo. Amor em vigor, quando nossos moinhos
encontram a paz.
O beijo represado exila-se no rio. Encanto... Cecília é
poesia gerada em ventre de saudade. Nas tuas cantigas a confirmação: Apenas
menina. Tua idade é tua graça e cor, enamoro tua ingenuidade lúdica. Do
Atlântico, cruzamos com o inesperado, nossas balsas flutuam no alívio do afeto,
enfeitando de candura e certeza a corrente que tanto ansiamos. Aquário
transbordando de sonhos, nossas marcas juntas. Sobre ela: Não desejo esbarrar
com a cura... Preciso ainda mais do desatinado. Nosso amor solto inventa
Uni-Versos.
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