sábado, 16 de maio de 2009

Súplica



























Poema feito em parceria com Marcelo D. Amado.

Suplico
Complete-me
Tenho as trevas em meu manto
Trago a dor em minha voz
E ódio nos olhos

Imploro
Tenha a mim e terei a ti
Dou-lhe o poder para tirar a vida
Dou-lhe o sorriso sarcástico do psicopata
E o olhar gelado do dissimulado

Ofereço-lhe minha alma negra
Para que teu sonho embale
Rasgo minha carne e te dou de comer
E para beber lhe dou o meu ser

O que tens para mim?



Ofereço-te um azul instransponível, um azul que inebria todos os órgãos,
A loucura excedida por teus poros rasgados
Minha alma é luva
Escalando todas as inverdades

Consinto com tua súplica
Tua presença quase interminável
Nem você sabe,
Está na minha boca

Nossas almas se correspondem por versos
Lírios de morte consagrados
A boca lê desejo
Percorrendo sons do insano sono do verso

Farás de meu corpo teu alimento supremo?


Se assim desejas, farei de ti o meu banquete
Tua pele, boca... Teus dedos em meus lábios
O gosto das cores que jamais ousei experimentar
Sentirei teu azul em minha língua

Sabes que a escuridão não suporta cores?
Me fartar de teu corpo é minha sentença
Minha existência será então contada em lendas
E os homens não mais morrerão

Será o meu fim, meu doce fim
Mas ainda assim suplico, imploro
Tenha a mim para que eu viva sempre em ti
Complete-me
Complete-nos


Nasço do mesmo escuro que guarda tua sentença
Por entre ossos tênues construo alicerces de um medo que sempre penetra
Minha solidão é ereta, é firme, tem raiz, textura e cor
Meu corpo animal estranho em mim

Tenho em mim que tua fome seja de versos mortos
É a escuridão que docemente me sabota
Logo, saberás do medo, este amigo ingrato que nos toma os limites
Este mesmo tirano que nos liberta da razão...

Desejo então, te olhar sem grades
-ele já não me ataca-
Manso, audaz, na perspicácia de seu silêncio...
Perambulo hoje em teu vazio

Que estrada leva a nós?


Meu único medo é não poder ver mais a tua luz
Essa mesma luz que me trouxe até você
Perguntas que estrada leva a nós
Mas qual estrada não tem nossas pegadas?

Eu vim pelo caminho do teu desejo
Atravessei a ponte que separa teus princípios
Segui o ronco de tua fome carnal
Ávida
Puramente impura

Estrada de desejos profanos
De pensamentos insanos
Onde nos unimos sem pudores
E onde me perco em teus pensamentos
Logo eu, me perder por você, logo eu...

Que queres você de mim? O que queres com a morte?


Desejo da morte, o gozo sereno dos esquecidos
Termina o tempo de estancar artifícios
E quanto a mim, desejo as mãos pintando as sementes de tuas vontades
Queremos a ausência de luz , tragos de insurreição
Tens mesmo um lugar pra mim?
Eu quero é eternidade
Despejar o caos
De todas as certezas violentas
Deleito-me das tuas sombras que racham o chão

Todos os teus labirintos são tecidos
Esculpindo as dores de toda transmutação
Meus dias estão sedentos desta doença tecida por tua dor
Tenha misericórdia de meus restos de pureza

Agora? O corpo padece de alma!


Tenho todos os lugares para você
Por que esperar mais? Venha
Me dê a mão
Suba em minha carruagem

Eu lhe dou minha alma eternamente negra
Vista tua pele com minhas sombras
E eu me rendo a tua invasão de luz
Me entregarei ao que chamas de amor

Atenderei teu pedido e teu corpo será meu
E sentirás as mais belas e arrepiantes sensações
Enquanto sugas a minh´alma até que eu me desfaça
Terás a mim eternamente. E eu a ti... Etereamente

Chego ao meu fim e ao seu sempre.