sábado, 26 de março de 2011

Agradável Existência

Em meu ventre teu cárcere sem saídas
onde tu pequenino encaixa-se
com seu sorriso de agradável existência
e nas cores a bandeira
em que minha silhueta desaparece mês a mês na tua mirada
assim incubo tua carne
num lance inédito a se infiltrar em meu vazio
alimentando-se ansiosa nas asas noivas de tua chegada
meu útero vai desafiando os lamentos de um leproso
e na grandeza de minhas árvores
conto agora as folhas amarelas da fertilidade de meu vale
e do que em ti, em mim detenho...
vou determinando a todas minhas células finitas
tua consciência úmida de vida
e nos vilarejos de meu planeta
a revolução progressiva de meus desfiladeiros
porque agora adubarei tuas raízes mais profundas
como quem espera das outras páginas de livros
o motor ligado deste primogênito que chora agora.