domingo, 21 de abril de 2013

E você pode vir buscar isto aqui? É que, tenho medo de me faltarem mãos, sobrarem desculpas e a coisa toda ficar aí, no meio da sala, estrebuchando de tanta graça e poesia. A inspiração dá medo, sabia? Quando a gente olha colada no pé da mesa, aquela estrofe inteira,imponente de tantos eus líricos, que a gente não sabe onde começa o poema e termina a música. Sai pra pegar um café na cozinha, e a cafeteira transborda a xícara de Leminski,abre o jornal de domingo e, todas as páginas são de Hilda Hilst gargalhando uns sons lisérgicos de prosa. Vou pra rua e, todos os passantes sussurram versinhos cantados, aquele friozinho na barriga,borboletando o dia de lirismo. Um poeta a cada esquina e o cotidiano inflando a arte de azul.
Assumo o risco da função, abro o livro do poeta, leio teu amor apertadinho que me sorria no canto da folha.