sexta-feira, 17 de julho de 2009

Pulso e papel

























Quem se diz poeta?

Da comunhão de nossos versos
Amores gerados em aço
Inventamos todos os dias nossa própria hemorragia verbal

Abro o verbo mudo
Dentro de julho sinto a morte viva
Unção de meu ventre com as linhas insolentes

Não deixo o medo escapar
Devastem a radicalidade extremada
Da próxima vez serei verbo demasiado

A força de meu poeta vem da fragilidade
Paradoxalmente trabalhando o que ama
Não conteste esta vã percepção

O que me absorve é este líquido mágico
Surreal, nascido e declamado em pronúncias poéticas
Aqui, a alma entrega-se a pulso e papel

Serei exumada de meu espelho aceso
Estes dedos não sabem mais silenciar proporções
Minha rede ainda balança com teus versos

Pertenço a uma tontura permanente
Peco em palavras que só aquele poeta possuía
Esta estrofe necessita de tréguas

Todas palavras tecidas em tempos de cólera
Rasgo aqui, traduções indizíveis
Escrevo no mesmo ventre escuro

Verso infligido
Fervor noturno
Orgasmo partilhado.