sábado, 25 de julho de 2009
Resíduo
Parceria com Édina Regina Araújo.(*)
Não existe quem a ame
Violo a santidade de teu lar
Em meu corpo, sufoco o orgasmo de teu homem
Ele faz cócegas em meu útero
O que escorre de seu sexo é desmedidamente quente
Encaixa-se em mim sem pena
Eu o engulo, sugo, e tu, imaculada espera teu esposo
*De meu ventre saíram seus filhos
Ao meu lado dorme todas as noites
É minha casa que chama de lar
Em meu peito que chora quando está triste
Dediquei minha vida e ele é grato a mim
Ele nunca foi teu
Te usa como quem não tem valor
Não te preserva, não se sente responsável por ti
Tola ,fútil não tem raízes nenhuma que o prenda
Abro bem meu beijo, tenho o retrato dele em meu quadril
Tua cama é morna, embriago tua natureza mal amada
Gostoso sentar na fervura de seus dedos, a boca dele olha-me sangrando
Em nossas íntimas brincadeiras coroam todos os seus gemidos
Ele senta-se no meu colo, ávido por nova mãe
Desfaleço, os bicos enrijecem, desnudo a alma
Ele morde-me cada vez mais fundo
Abre-me sem disfarces
Permaneço, minhas unhas em suas costas são inconsequentes
*Realizei seu maior sonho
Ao dar-lhe teus filhos homens
Como ele queria ser pai
Acariciava minha barriga
Esses são momentos de felicidade real
Não desejos tolos e passageiros
Acha que não me procura em seu leito?
Engana-se, ele me quer como sua mulher
O que diz a você?
Feto podre!Desejo conflito!
Quero o órgão dele em minha boca suja
Um corpo acolchoado de falsas memórias
Adentrando as pernas
Minha criança me beija os seios
Desassossego de nossos gozos escondidos
A casa doente espera-te
Na tua cama abriga um morto que chora
As malas prontas, caladas. Consumamos, sabemos que gosto tem
*Você passará, na superficialidade de teus desejos
Os méritos continuarão sendo meus
Sua casa continuará aqui
O amor está vívido
Ele jamais esquece seu lar
E eu estarei esperando toda noite em meu leito
Nos amaremos e não lembrará mais de você
Diálogo com a pureza
O veneno fica, em outra boca
Tenho um lençol quente
Transo e escondo minha dor
Sou vontade
Ela é paixão
Ele é covarde
Gozo por prazeres em instantes.