domingo, 5 de julho de 2009
Sangro ou cuspo
O arrepio na nuca me faz errar as somas. Meu cheiro pertence às ruas e os pés em sandálias rasteiras multiplicando-me.
Peguei o café e sentei na beirada da cama, a cada gole desenvolvo meus traços comuns, eu sempre corri, e agora prefiro passos lentos, latejando força e fragilidade.
Sangro ou cuspo, ainda existe variedade em ser nada.
Os goles parecem mesmo ter lavado todos os meus receios, o cheiro de café me atiça.
Uma leitura tão perfeita que faz com que eu pense que ele sabe exatamente como estou deitada nesse quarto trancado e que ignore o fato de ter raiado o dia nas frestas da janela.
Um estado de graça desconhecido, quase chorando, quase rindo.
No telefone, madrugada adentro, delicio-me neste absurdo audível. Calando-me por instantes como se apreciasse as notas de uma canção descompassada.