quarta-feira, 15 de junho de 2016

Lanço ao tempo peregrino pedras amargas. Ao tempo cativo espigas vindas do Norte. Ao tempo ambíguo cheiro de alecrim virado pro Sul. Da seiva bruta escrevo três linhas no jornal do mundo.
Não vai haver guerra...Apenas nuvem negra sobre minha página. Abro a nuvem, me engasga a visão:

Um fantasma regressa do terreiro, perpassa rente ao meu pescoço -meus finos fios levantam-se em dança. Diabo vagante em minha casa, arranca eletrodomésticos da tomada,roça meu seio, engole as telhas da rua como se despisse flor de lótus. Demônio suspenso, veste branco, mas está de luto, definhando em seus pastos de besta, me engravida da miséria rugosa de um instante. Escondo-me nele,confesso tudo,sílaba a sílaba e o verso voa.