domingo, 13 de março de 2016

E o relógio ainda pulsa


Você, desordem programada em meio ao caos
Sodoma e Gomorra virtual
Mais e mais de você se expandindo
O poema parte se feito fruta de temporada
Parte do efeito das asas desatadas
Dos nós complicados de nós mesmos
Mesmo que nesse caos do voar das mariposas
Atinja meu tempo, levarei-me a esmo
Escrevo em minha nuca todas as linhas
Tuas cordas em meu pescoço
Deixo pra trás todos os poemas que formamos na sala
Embarcamos no devaneio florido
Bons presságios, nas asas contorcionistas que a inspiração escreve
Bons agouros
Duma ação que move seus mundos e fundos
A fornalha da locomotiva pelos meus dedos
A forja que produz essa corrente que te sustenta
Elo a elo, encadeados, encarnecidos
Metal gelado (língua no disparo)
Marco zero nas duas luas da tarde
Estou dispersa
Nem sei denominar esse novo tempo
Último dia, você arranca o relógio do pulso
E o relógio ainda pulsa


Dueto de Paulo Alonso e Natacia Araújo para a página ilusionistas do Verbo