domingo, 13 de março de 2016


Esta casa, velha como meu corpo,
abriga minha loucura.
Obriga-me a escrever sobre seus cômodos e meus incômodos,
sobre minhas portas e suas paredes.
Quase sempre, esta casa e eu somos um só,
fundidos em uma rua,
localizados no centro do caos.
Esta casa, me gerou no tempo
envergamos nossas carcaças,
endurecemos no fio dos anos as carapaças.
Amanhecemos por vezes amarguradas,cobertas pela fumaça dos carros e solidão.
Esta casa senta-se à mesa comigo
(compartilha seus medos)
Precisamos nós duas de uma pintura e um novo abrigo anti-bombas.
Somos velhas amigas,
escondemos nossos temores em passagens secretas
que nenhum visitante jamais ousaria entrar.